sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Essa é para Cássia Rocha - uma fofucha

A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.

Millôr Fernandes

kkkkkkkkkkkkkkk

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

é isso mesmo!!!!

Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

( Gibran Khalil Gibran )

terça-feira, 11 de outubro de 2011

dez dicas para escrever uma boa redação

Enem 2011: dez dicas para escrever uma boa redação
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
11/10/2011 | 10h42 | Preparação



TEMA: Interprete a proposta com o máximo de atenção a cada detalhe, para não cometer desvios e falhas de abordagem.

COLETÂNEA: Leia os textos para extrair as principais ideias, sem copiar.

PLANEJAMENTO: Construa um roteiro completo, com argumentos e etapas do raciocínio.

CRIATIVIDADE: Invista em título, introdução e conclusão que despertem a atenção do examinador.

CONCISÃO: Priorize clareza, organização e simplicidade no desenvolvimento.

ARGUMENTAÇÃO: Use argumentos e referências que envolvam conhecimentos de outras disciplinas e atualidades.

SOLUÇÃO: Desenvolva propostas para o problema apresentado no tema.

REVISÃO: Revise atentamente a redação para minimizar erros e repetições de palavras.

LETRA: Deve ser legível.

TEMPO: Tente gastar uma hora na redação.

Da Agência O Globo

Homenagem aos Professores


Obrigada por acreditar em mim,
Quando achei difícil acreditar em mim mesma.
Obrigada por dizer , algumas vezes ,
Que eu realmente conseguiria vencer ,
E que só me faltava um pouco de perseverança


Obrigada por ser minha (meu) amiga (o) ,
Por confiar no meu potencial,
E me fazer continuar a estudar
Para um dia poder realizar meus sonhos.


Obrigada por ter posto tanta sabedoria ,
Carinho e imaginação na nossa amizade ,
Por compartilhar tantas coisas boas
E por marcar tantas lembranças em mim.


Obrigada por sempre ter sido honesta(o)comigo ,
Gentil mas ao mesmo tempo severa(o)
E ter estado ao meu lado quando precisei .


Obrigada por ter sido minha Professora(o).
E com isso ter deixado tantas recordações,
Principalmente quando chega este seu dia

sexta-feira, 29 de julho de 2011

vale a pena tentar

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

domingo, 24 de julho de 2011

vamos tomar conta de quem somos




Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESSA É PRA VCS..


A esperança não murcha, ela não cansa, também como ela não sucumbe a crença. Vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança.

Augusto dos Anjos

obs

lembrem-se de que as respostas tem que ser enviadas para meu e-mail



fraulein.dias@gmail.com

bjocas

atividade para os alunos de 2º ano da ESPAM

AMORES, QUERIDOS DO MEU CORAÇÃO

KKKKKKK

Para que o vosso fim de semana seja mais delicioso, lá vai uma questãozinha básica

1. blog e e-mail são gêneros digitais que servem como exemplo de hipertexto??
comente e justifique

bjocas para todos

um óoooootimo fim de semana e até quarta-feira!!!

Frau

domingo, 24 de abril de 2011

ISSO É MUITA SABEDORIA


Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

Clarice Lispector

sábado, 9 de abril de 2011

12 mortes e 190 mil culpados

É natural diante de um massacre tão horrendo as pessoas quererem justiça. Mas o assassino não nos deu essa opção. As vidas interrompidas não serão vingadas, Wellington Oliveira, 23,se matou.

Mas, peraí! Culpado? Qual culpado? Um desastre como esse não pode ser só culpa de um. Tem culpa a genética, tem culpa a psicologia, tem culpa a falta de segurança, tem culpa o desamor e todos os responsáveis direta ou indiretamente pela permanencia de um insano no meio de nosso convívio.

Quantos Wellingtons Oliveira ainda terão que agir para nós entendermos que alguma coisa precisa se feita?

meus pêsames a todos nós...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Para Pensar

Existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma epoca da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos. Uma só idade para nos encantarmos com a vida para vivermos apaixonadamente e aproveitarmos tudo com toda a intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa propria imagem e semelhança, vestirmo-nos de todas as cores, experimentar todos os sabores e entregarmo-nos a todos os amores sem preconceitos nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que toda a disposição de tentar algo de novo e de novo quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na nossa vida chama-se presente e tem a duração do instante que passa..

Mario Quintana

Se eu pudesse deixar algum presente à você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito aquilo que é indispensável. Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída

Mahatma Gandhi

Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente

Carlos Drummond de Andrade

Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Vinicius de Moraes

segunda-feira, 21 de março de 2011

soneto da tristeza

Por favor tristeza dá um tempo
para que eu possa me restabelecer
sentir o que vai dentro da minh`alma
o que se passa no interno do meu ser


Não me deixes pelos descaminhos da vida
sem um farol que ilumine minha ação
sem um estímulo que me dê guarida
sem a mão que estende e afaga o coração

Ainda que eu ande sem rumo,
talvez à procura de algum elo perdido
ainda assim me conservarei no prumo.

Ainda que o medo me entorpeça
e que eu fique completamente amargurado
acenda-se a chama do amor, antes que eu feneça.

Guida Linhares

quinta-feira, 17 de março de 2011

a alegria mais incomum é a particular.
Ela sim é sentida gratuitamente.
Ela sim não precisa de plaus ou concordância.

A exigencia de estar sempre sorrindo
sufoca o riso
dissipa a felicidade
encaleja nossa natureza
a ponto de artficializar a alegria

Que pena eu tenho dos mascarados

terça-feira, 15 de março de 2011

um desabafo

Por que ainda existem pessoas que acreditam ser um livro de auto-ajuda?? Sempre dizem a coisa certa; estão sempre à frente do que você faz e têm sempre um conselho na manga para lhe dar achando que você é um pobre coitado. Creio que esse gênero tem tanta pena dos "reles mortais" que acaba por camuflar as próprias fraquezas expondo a dos outros. "Cuidando", "pastoreando" quem não quer ajuda, ou até quem não precisa de ajuda.

Eu, dificilmente peço ajuda aos outros. Não acredito que as experiências das pessoas sirvam para a minha vida. Eu sou única, minha vida é única. Ninguém sabe o que é melhor para mim além de eu mesma.

Sinto que esse interesse com a vida alheia é nada mais nada menos que medilcridade.

Infelizmente para alguns, viver é mesmo muito simples.

domingo, 13 de março de 2011

Babaquice contagiosa


Não que a babaquice das pessoas seja contagiosa, mas a cada dia só o que vejo são adultos brincando de assumir uma falsa maturidade exercendo posturas sórdidas.
uma vez, eu tive um amigo, uma pessoa por quem eu era capaz de fazer muitos sacrifícios. Houve um tempo em que ele me ajudou. Depois, houve o tempo em que eu o ajudei bastante. foi então que eu comecei a perceber que as acusações que as pessoas faziam a ele não eram infundadas. Eu lidava com um predador sem saber que eu era a presa. houve tempo, houve distância. Cheguei a pensar que era fruto da minha imaginação. Que nada!
Hoje entendo que mesmo sabendo muito pouco preciso me defender inclusive daqueles que acho estarem me protegendo. "Lupus est homo homini non homo". Nada melhor que o tempo, ele cura as feridas, só não nos faz esquecer das dores.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Restos do Carnaval, Clarice Lispector


Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.

No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.

E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.

Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.

Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.

Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.

Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - àidéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.

Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.

Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.

Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.

Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.


in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Senhora, de José de Alencar

Análise

Senhora foi publicado em 1875. O romance pode ser considerado uma das obras-primas de seu autor e uma das principais da literatura brasileira. Uma vez que trata do tema do casamento burguês, ou seja, baseado no interesse financeiro, pode ser considerada precursora do Realismo ou pré-realista.

Alencar classifica a obra dentro de seus “perfis de mulher”, já que concentra na mulher o papel mais importante dentro da sociedade de seu tempo. Aurélia é a protagonista do romance, uma jovem mulher dividida entre o amor e o ódio, o desejo e o desprezo pelo homem que ama. Essa personalidade dividida apresenta um desvio psíquico ocasionado a partir do rompimento do noivo, Fernando Seixas, e que causou um certo caso de esquizofrenia na personagem.

A personagem Aurélia Camargo é idealizada como uma rainha, como uma heroína romântica, pelo narrador. De "régia fronte, coroada de diadema de cabelos castanhos, de formosas espáduas", essa personagem, no entanto, é ao mesmo tempo "fada encantada" e "ninfa das chamas, lasciva salamandra". Ao estereótipo da "mulher-anjo" romântica, o narrador acrescenta, assim, um elemento demoníaco, elemento que, em vez de explicitar, deixa sugerido, "sob as pregas do roupão de cambraia que a luz do sol não ilumina", e também "sob a voz bramida, o gesto sublime, escondendo o frêmito que lembrava silvo de serpente" ou quando "o braço mimoso e torneado faz um movimento hirto para vibrar o supremo desprezo". Tal maneira de caracterizar a personagem - pelos elementos exteriores - é típica do narrador observador. Tal caracterização, por sua vez, humaniza a personagem, afastando-a do maniqueísmo romântico e acrescentando-lhe traços realistas.

O conflito entre os protagonistas gera momentos de grande emoção e sofrimento. É desse embate entre o desejo de vingança e o desejo de amar em plenitude que nasce a ação psíquica que se transforma em enredo. Se a temática e o psiquismo da obra representam antecipações realistas, ambos fortemente consolidados pela evidente critica de uma sociedade que valoriza mais a aparência e o dinheiro que os sentimentos humanos, a idealização das personagens reflete o universo romântico presente na obra. O desenlace configura, por si só, a vitória do Romantismo em Alencar sobre a possibilidade realista.

Para melhor entendermos a obra, devemos perceber as interações do artista que a criou. Alencar acreditava sinceramente na vitória do homem na reforma de si mesmo e da sociedade. Não havia nele ainda o traço de pessimismo profundo e de ceticismo que tantas páginas maravilhosas fizeram nascer em Machado de Assis. É dessa crença nos sentimentos humanitários que bruta o Romantismo alencariano, do qual bruta a força vital de suas personagens. Divididos entre o ódio e o perdão, a necessidade financeira e os apelos do coração, vencem sempre os segundos. O mesmo caso pode ser observado na construção do romance Lucíola, mas com um final trágico. Em ambos os romances a premente necessidade do dinheiro, veículo central de uma sociedade aristocrática e burguesa, obriga personagens a trocarem seus sentimentos por dinheiro. O grande vilão, o antagonista, é sempre a sociedade e seus hábitos doentios e seus costumes imorais. Se é essa a pretensão do autor, o seu recado para a sociedade de seu tempo, devemos classificar Senhora com um romance de costumes. Se o cenário das personagens é o Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, podemos também considerá-lo como um romance urbano com traços de psicologismo e critica social.

Estrutura da obra

Senhora é um romance dividido em quatro partes e não obedece uma ordem cronológica, isto é, a primeira parte (O Preço), narra os episódios atuais, enquanto que a segunda parte (Quitação), fala-nos do passado de Aurélia, seguem os capítulos: Posse e Resgate. A narrativa é feita por um narrador que parece penetrar na alma de Aurélia Camargo para transmitir suas confidências mais intimas.

Esses títulos contrariam ostensivamente o espírito de uma história de amor, como efetivamente é o romance Senhora. Mas, como se trata de um amor contrariado pelos hábitos sociais, fica clara a idéia de que os títulos foram assim escolhidos para hipertrofiar a metáfora contida no livro. Eles explicitam, em tom caricatural e hiperbólico, a idéia de que a compra efetuada por Aurélia é uma metáfora do casamento por interesse, muito corrente na época, mas sempre disfarçado por elegantes e frágeis encenações sociais.

Enredo

Na primeira parte, O Preço, Aurélia Camargo dá a conhecer para o leitor: jovem de 18 anos, linda e debutando nos bailes. A principal ação desta primeira parte do romance começa quando Aurélia pede ao tio que ofereça ao jovem Fernando Seixas, recém-chegado na corte após uma longa viagem ao Nordeste, a sua mão em casamento. Entretanto, uma aura de mistério cobre o pedido, pois Fernando não deve saber a identidade da pretendente e além disso a quantia do dote proposto deve ser irrecusável: cem contos de réis ou mais, se necessário.

A habilidade mercantil de Lemos, que chega a ser caricata, e a péssima situação financeira de Fernando - moço elegante mas pobre, que gastou o espólio deixado pelo pai e que precisava restituí-lo à família para a compra do enxoval da irmã - fazem com que dêem certo os planos de Aurélia.

Na noite de núpcias, Fernando se surpreende ao ver nas mãos de Aurélia, um recibo assinado por ele aceitando um adiantamento do dote. Aurélia se enfurece, acusa-o de mercenário e venal. E ela começa a contar a vida e os motivos que a levaram a comprá-lo.

Na segunda parte, Quitação, conhecemos a vida de ambos os protagonistas. Aqui há um retorno aos acontecimentos em suas vidas, o que explica ao leitor o procedimento cruel de Aurélia em relação a Fernando.

Na terceira parte, Posse, a história retorna ao quarto do casal. Vemos Fernando arrasado de vergonha, mas Aurélia toma o seu silêncio como cinismo. É o início da fase de hipocrisia conjugal.

Na quarta parte, Resgate, temos o desenrolar da trama. Intensificam-se os caprichos e as contradições do comportamento de Aurélia, ora ferina, mordaz, insaciável na sua sede de vingança, ora ciumenta, doce, apaixonada. Intensifica-se também a transformação de Fernando, que não usufrui da riqueza de Aurélia, tornando-se modesto nos trajes, assíduo na repartição onde trabalhava, e assim adquirindo, sem perder a elegância, uma dignidade de caráter que nunca tivera.

No final, Fernando, um ano após o casamento, negocia com Aurélia o seu resgate. Devolve-lhe os vinte contos de réis, que correspondiam ao adiantamento do montante total do dote com o qual possibilitava o casamento da irmã, e mais o cheque que Aurélia lhe dera, de oitenta contos de réis, na noite de núpcias.

Separam-se, então, a esposa traída e o marido comprado, para se reencontrarem os amantes, a última recusa de Seixas sendo debelada quando Aurélia lhe mostra o testamento que fizera, quando casaram, revelando-lhe o seu amor e destinando-lhe toda a sua fortuna.

O enredo deste romance mostra claramente a mistura de elementos romanescos e da realidade. Foco narrativo - O romance é narrado em terceira pessoa por um narrador onisciente, ou seja, que tudo sabe sobre as personagens, penetrando em seus pensamentos e em sua alma. Esse narrador é também intruso, já que interfere em vários momentos, apresentando-se ao leitor. A técnica narrativa empregada por Alencar em Senhora é sem dúvida bem moderna, se tomarmos como base suas obras anteriores, já que o autor utiliza digressões.

Tempo - O tempo é cronológico, tomando como base o século XIX, durante o Segundo Império. Entretanto, não há linearidade, já que a história é contada a partir de flash-back.

Espaço

O espaço central da narrativa é Rio de Janeiro.

Personagens

As personagens são bem construídas e já apresentam certa profundidade psicológica. Ao contrário de várias personagens românticas, não constituem meros tipos sociais, já que são capazes de atitudes inesperadas.

1. Fernando Seixas: Jovem estudante de Direito, bem vestido e apreciador da vida em sociedade. A falta de dinheiro o conduz a acreditar que a única maneira de evitar a ruína final é casando-se com um bom dote. Envolvido pelo amor de Aurélia, chega a pensar em abandonar os hábitos caros, mas acaba percebendo que não consegue viver longe da sociedade. Depois do casamento por interesse, é humilhado, arrepende-se e consegue resgatar o dinheiro que recebeu a Aurélia.

2. Aurélia Camargo: Moça pobre. Aurélia é decente e apaixonada por Fernando Seixas. A decepção amorosa transforma-a num mulher vingativa e fria, mas que não consegue disfarçar seu verdadeiro sentimento por Seixas. Seu comportamento é típico de uma esquizofrênica, já que se vê dividida entre sentimentos contraditórios até o final do romance. O amor parece ser sua salvação, redimindo-a de perder o homem que ama por causa de seu orgulho.

3. Dona Emília: Viúva, mãe de Aurélia. Mulher honesta e séria, que amargou imenso sofrimento por causa de seu amor por Pedro Camargo.

4. Pedro Camargo: Pai de Aurélia, filho natural de um rico fazendeiro do interior de São Paulo, de quem nutria grande medo. Morre à mingua por não conseguir confessar seu casamento contra a vontade do pai.

5. Lourenço Camargo: Avô de Aurélia. Pai de Pedro. Homem duro e rústico, mas que procura ser justo depois que descobre a existência do casamento do filho.

6. D. Firmina: Parente distante de Aurélia e que lhe serve de companhia quando fica rica.

7. Lemos: Tio de Aurélia. “Velho de pequena estatura, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz, e casava perfeitamente com seus olhinhos de azougue.” Foi escolhido por Aurélia como tutor porque a moça podia dominá-lo facilmente. Estilo de época e individual

Alencar não destoa do Romantismo em voga. A sua visão de mundo é baseada na emoção, e o mundo urbano, com seus problemas políticos e econômicos, o aborrece, por isso foge para o passado; escapa para os lugares selvagens. Suas obras procuram retratar um Brasil e personagens mais ideais do que reais, mais como ele gostaria que moralmente fossem (românticos e moralistas) do que objetivamente eram (realistas). Senhora é um romance de características definidas de forma romântica, mas que já traduz uma temática realista: a crítica ao casamento burguês.

Problemática e principais temas

O conflito amoroso entre os protagonistas nasce desse choque entre os sentimentos e o interesse econômico. Aurélia Camargo é uma mulher de personalidade forte, carregada de sentimentalismo romântico. Daí sua contradição, sua personalidade marcada por extremos psíquicos: dá maior valor aos sentimentos, mas vale-se do dinheiro para atingir seu objetivo de obter o grande amor de sua vida, Fernando Seixas. Dessa forma, o dinheiro acaba impondo o valor burguês que lhe era atribuído na sociedade do século XIX. A realização amorosa só se cumpre depois de Aurélia vencer a aparente esquizofrenia que parece conduzi-la á dúvida quanto às intenções de Fernando Seixas. O comportamento esquizóide manifesta-se nas atitudes antitéticas de desejar o amor do marido com todas as suas forças, mas lutar contra o mesmo até suas últimas reservas.

fonte http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/s/senhora

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Etepam oferece mil vagas gratuitas para curso tecnológico


Da TV Jornal

O Etepam está oferendo mil vagas, totalmente gratuitas, para a primeira etapa do programa Student to Business (Estudantes para o Mercado). O perfil da capacitação agrega estudantes do ensino médio e nível técnico.

A iniciativa é da Microsoft em parceria com o Governo do Estado, com programa que abrange temas sobre infraestrutura e desenvolvimento de sistemas.

As inscrições podem ser feitas no site www.micetepam.pe.gov.br. Para mais informações: (81) 3181-3950.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

POEMAS ÁRCADES

SONETO XIV

Quem deixa o trato pastoril, amado,

Pela ingrata, civil correspondência,

Ou desconhece o rosto da violência,

Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos, trasladado

No gênio do Pastor, o da inocência!

E que mal é no trato, e na aparência

Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira Amor sinceridade,

Aqui sempre a traição seu rosto encobre;

Um só trata a mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna que soçobre;

Aqui quanto se observa é variedade:

Oh! ventura do rico! oh! bem do pobre! Cláudio M. da Costa

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

uma proposta de redação

Qual o papel da mulher na sociedade brasileira atual?

Dilma Rousseff elegeu-se Presidente da República, cargo ocupado pela primeira vez por uma mulher no Brasil. Isso é um marco na história democrática do país e na da luta feminina por igualdade social. A eleição presidencial de 2010 contou também com outro fato significativo no que se refere à participação feminina na política: o índice de aprovação de Marina Silva. Mas as mulheres não conquistaram posição apenas na política. Elas estão dirigindo empresas, ocupam espaço de destaque no telejornalismo e começam a aparecer até nos mais fechados redutos masculinos. O Flamengo, por exemplo, clube conhecido pela tradição do seu futebol, dono de uma das maiores torcidas do Brasil, é agora presidido por uma mulher. O que essas conquistas revelam sobre as relações sociais entre homens e mulheres? Discuta a situação social da mulher no Brasil de hoje, em uma dissertação argumentativa em prosa.

fonte http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/proposta201101.jhtm

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Todo o universo poderia ser conduzido por uma única lei, se essa lei fosse boa.

Marquês de Sade

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011


O que há num simples nome? O que chamamos rosa com outro nome não teria igual perfume?

Shakespeare - Julieta

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Denotação e Conotação

Nos textos literários nem sempre a linguagem apresenta um único sentido, aquele apresentado pelo dicionário. Empregadas em alguns contextos, elas ganham novos sentidos, figurados, carregados de valores afetivos ou sociais.

Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum (o que aparece no dicionário) dizemos que foi empregada denotativamente.

Quando é utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos que foi empregada conotativamente, este recurso é muito explorado na Literatura.

A linguagem conotativa não é exclusiva da literatura, ela é empregada em letras de música, anúncios publicitários, conversas do dia-a-dia, etc.

Observe um trecho da canção “Dois rios”, de Samuel Rosa, Lô Borges e Nando Reis, note a caracterização do sol, ele foi empregado conotativamente:

O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão

O sol se põe se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão
...
Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

Note que a expressão “dois rios inteiros” também foi empregada conotativamente e compõe um dos elementos básicos para a interpretação da letra.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vladimir Propp


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Vladimir Propp

Vladimir Propp (São Petersburgo, 29 de Abril de 1895 - Leninegrado, 22 de Agosto de 1970) foi um académico estruturalista russo que analisou os componentes básicos do enredo dos contos populares russos visando identificar os seus elementos narrativos mais simples e indivisíveis. Foi um dos expoentes da narratologia. Propp recolheu vários contos tradicionais até chegar a um "corpus" de 449 contos. Procurou uma estrutura nesse corpus e encontra 31 funções.

As 31 funções podem ser agrupadas em 7 esferas de acção, agrupadas por personagens:

  • 1ª Esfera - O agressor (o que faz mal)
  • 2ª Esfera - O doador - o que dá o objecto mágico ao herói
  • 3ª Esfera - O auxiliar - que ajuda o herói no seu percurso
  • 4ª Esfera - A Princesa e o Pai (não tem de ser obrigatoriamente o Rei)
  • 5ª Esfera - O Mandador - aquele que manda
  • 6ª Esfera - O Herói
  • 7ª Esfera - O falso herói

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Para espiritualizar o início do ano letivo




A Pedra

O distraído nela tropeçou...
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.

Drummond a poetizou.
Já, Davi, matou Golias, e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura...
E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
Não existe "pedra" no seu caminho que você não possa aproveitá-la para o seu próprio crescimento.
Independente do tamanho das pedras, no decorrer de sua vida. não existirá uma, que você não possa aproveitá-la para seu crescimento espiritual. Quando a sua pedra atual, tenho certeza que Deus irá te dar sabedoria, para mais tarde você olhar para ela,
e ter orgulho da maravilhosa experiência que causou em sua vida, no seu crescimento espiritual.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

LISTÃO

Hoje é dia de o coração bater mais forte. a UFPE liberará seu listão de aprovados. Um momento de tanta alegria...
Difícil esquecer que faz alguns anos que um garoto, filho de catadora, viu seu nome entre os aprovados em biomedicina. neste ano, Alcides virou nome de escola do estado.
Então paro para refletir se adianta o esforço para melhorar a condição social através dos estudos. As universidades públicas estão perdendo terreno para os cursos técnicos que colaboram para o ingresso mais rápido no mercado de trabalho. afinal, é dinheiro no bolso que garante o feijão na mesa!
atenção governantes, os pobres ainda precisam de dignidade. enquanto nossa gloriosa presidenta pretende instraurar um prouni para o ensino médio, vamos criando um ciclo vicioso no qual ensino e professores de escola pública são cada vez mais desrespeitados.
salve o listão!!! Que verifiquemos quantos daqueles são alunos de escola pública e quantos conseguirão terminar seu curso. Espero que no ano da copa os formandos sejam mesmo a cara do Brasil - pobre e público.
Como eu queria um Brasil público!