Thelma Panerai Alves*
Os processos formativos à distância surgiram no final do século XIX. Naquela época, e até pouco tempo atrás, eram considerados de segunda categoria. Inicialmente, eram processos que se desenvolviam por correspondência; depois, por rádio; mais tarde, por televisão; e, atualmente, com a evolução e a convergência das tecnologias, por Internet.
A sucessão de etapas ou de gerações foi surgindo e foi sendo adotada na medida em que os avanços tecnológicos e os estudos sobre esta modalidade indicavam uma melhora no processo educativo. Em muitos países, algumas destas etapas coincidem. Um exemplo ilustrativo ocorre na África, onde alguns países incentivam o ensino por correspondência e por rádio; ou na China, onde o rádio e a TV são as tecnologias mais utilizadas pelas instituições educativas.
O contexto virtual proporciona às pessoas um grau de interação distinto do que acontecia nas outras modalidades de educação à distância até então conhecidas, como o rádio e a TV - que eram unidirecionais. Neste contexto, o processo bidirecional ou multidirecional pode facilitar a aprendizagem tanto no sentido horizontal (entre alunos), como no sentido vertical (entre professores e alunos).
Além disso, o contexto virtual permite dois tipos de comunicação: a síncrona (simultânea) e a assíncrona (em momentos diferentes). Estas potencialidades podem facilitar a integração, a cooperação e o desenvolvimento de pessoas ou de grupos de uma mesma cultura, ou de culturas distintas.
Os processos de ensino-aprendizagem que ocorrem no contexto virtual não são indicados para todos os tipos de professores e nem para todos os tipos de alunos. Muitas pessoas necessitam do contato presencial com o professor e com os demais alunos. E isso é inegável.
Estudos recentes revelam o perfil dos alunos que se adaptam melhor a este ambiente de aprendizagem: são alunos que têm entre 25 e 40 anos, que trabalham, que têm família para sustentar e que têm objetivos pessoais e/ou profissionais muito bem definidos.
Portanto, são alunos que têm muito claro o que querem, mas que não podem participar das classes presenciais - por problemas laborais, econômicos, familiares, de distância, de tempo, de saúde, de reclusão, de estado civil etc. Normalmente, os alunos com menos de 25 anos e com uma vida mais descomprometida, preferem o ambiente presencial e a interação direta.
Existem alguns aspectos bastante positivos na aprendizagem através de Internet, principalmente no que se refere à autonomia dos alunos em seu processo de aprendizagem. Os alunos que participam de um processo de ensino-aprendizagem através de Internet, em geral, possuem uma menor dependência em relação ao professor. São alunos mais ativos e decididos, que tendem a buscar informações corretas e atualizadas, a refletir criticamente sobre elas, a selecionar as melhores informações e a adaptá-las às suas necessidades e interesses. Obviamente, estou falando em tendência, pois não se pode generalizar.
É importante registrar, também como aspecto positivo, que esta modalidade oferece flexibilidade de horários, de ritmos, de espaços de aprendizagem, de estilos de aprendizagem e, principalmente, pode aproximar os processos educativos aos interesses pessoais e coletivos, sejam eles profissionais, sociais, econômicos ou culturais.
Na minha opinião, a educação no contexto virtual não deve ser vista como uma modalidade que substituirá a educação no contexto presencial. Ela deve ser vista como uma modalidade alternativa, que permite ampliar a oferta formativa e que, por ter as características que tem, facilita a aprendizagem e o desenvolvimento de pessoas que se encontram nos mais diferentes lugares do planeta e que possuem interesses comuns - mas que não puderam, ou não podem, participar do sistema presencial por distintos motivos.
A coexistência de diferentes modalidades de processos formativos, com estudos científicos cada vez mais aprofundados sobre suas especificidades e características, beneficia e enriquece os processos de ensino-aprendizagem em cada ambiente, amplia a oferta formativa e contribui para o desenvolvimento da sociedade em geral.
*Doutora em Inovação Educativa pela Universidad de Deusto, Espanha, com Especialização em Lingüística Aplicada.
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